“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer.”
(Arnaldo Antunes)
Historicamente, envelhecer, assim como (vi)vemos hoje, é sim algo “moderno” e muito recente. Para se ter uma noção clara e real disso, basta olhar um pouco para trás: no mundo do início do século XX, por exemplo, a esperança de vida era de (apenas!) 32 anos, ou seja, a pessoa nascia e era muito provável que não passasse dos 32.
As décadas foram passando e chegamos em 2019, ano em que saltamos para uma esperança de vida de 72,6 anos. Isso significa que, em pouco mais de um século, ganhamos 40 anos a mais para fazer o que quisermos.
Para algumas correntes teóricas, desde o momento em que nascemos já começamos a envelhecer.
Contudo, “Do ponto de vista biológico, envelhecer não é apenas ficar velho. Na verdade o que temos é um processo de alterações morfológicas e funcionais do organismo à medida que o tempo passa. Veja que, dessa maneira, acrescentamos uma variável importante na análise: o tempo” (Neto, 2001).
Em linhas gerais, pode-se dizer que o processo de envelhecimento é dado pela interação de cada organismo com o meio em que vive, durante o tempo vivido.
Assim, o processo ocorre pelo acúmulo de modificações sofridas pelos nossos órgãos e sistemas à medida que os anos vão passando. O resultado é a redução progressiva da nossa capacidade de enfrentar e resistir aos desafios impostos ao longo de nossas vidas.
Faz parte do percurso natural de nossa existência. Apesar de não vermos os efeitos desse “ganho de idade” da noite para o dia, eles estão lá, e acontecem a cada célula renovada. É consenso que partir dos 30 anos de idade, esse processo se acentua, e os sinais de que estamos ficando, de fato, mais velhos se tornam evidentes em nosso organismo.
É importante levar em consideração que 70% do processo de envelhecimento depende de nós e dos nossos comportamentos e, somente 30% pode ser atribuído à genética.
Ou seja, a longevidade e a qualidade de vida estão mais relacionadas aos nossos comportamentos e hábitos diários do que com nossa carga genética. Isso oferece diferentes possibilidades de modificarmos a forma como envelheceremos, seja a partir de ações individuais ou coletivas.
Será que estamos preparados para envelhecer?
No mundo inteiro as pessoas estão envelhecendo. E no Brasil esse processo ocorre de forma ainda mais acelerada. A partir de 2039 haverá no país mais idosos do que crianças, e em 2060 um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos. Os dados são do IBGE/2018.
Estarmos preparados para envelhecer, e, principalmente, envelhecer bem, é uma questão urgente. Para isso, o assunto precisa ser discutido ao longo de toda a nossa vida e não somente após os 60 anos. O quanto antes, é necessário repensarmos hábitos e mantermos a saúde física, mental e emocional.
Um dos maiores inimigos da velhice é o medo de ficar velho, o que leva muita gente a evitar o assunto. Isso acontece pois é comum associar a velhice ao abandono, à solidão, às doenças, à dependência… Mas somente desmistificando esse pensamento chegaremos bem à velhice, com saúde, qualidade de vida, dignidade e autonomia.
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